POR FERNANDA PRATS, PUBLICADO ORIGINALMENTE NO BLOG DOMUNDO
Quem só me conhece do trabalho, talvez não vá acreditar. Às vezes sou a única que mantem a calma quando todos estão se descabelando. Mas, na “vida real”, não engulo o choro. Filme triste, livro bom, conversa mais profunda, surpresas, despedidas…
Quando estou sozinha ou entre pessoas realmente próximas e algo me emociona, deságuo mesmo. Não que role um grande drama. Só aquela clássica borradinha na make, um certo embaraço, sempre, e depois a leveza. Sensação de abrir uma janela no peito pra arejar o coração.
Acho que meu canal lacrimal ressecou um pouco desde que fui selecionada para o Remote Year e comecei a maratona de preparativos. Ok, lubrifiquei os olhos assistindo os depoimentos no vídeo que meus BFFs gravaram, lendo os bilhetinhos da turma no avião. Reparando nas pequenas atitudes já saudosas das pessoas queridas. Respinguei quando amigas que eu não via há tempos apareceram em casa às vésperas da viagem. Vendo o ap vazio e a carinha da Teodora quando entendeu que a gente não ia mais brincar de esconde-esconde ali…
Mas, sabe? Acho que estava precisando chorar baldes!!!
E ontem aconteceu. De uma forma muito estranha. Orvalho incontrolável na reunião das meninas do projeto num parque. Uma turma que teoricamente é “do trabalho”. Anda nem decorei o nome de todas!
Quase não compareci à tal da Ladies Night, imaginando que só fossem rolar papos dispersos sobre bofes, celulites, sapatos. Preconceito meu. Esta comunidade tem algo de muito especial. Não senti até agora aquele instinto de competição feminina, aquelas medidas de cima a baixo em busca de um ponto fraco (celulite, talvez). Mais preconceito de minha parte, isso sim. Naquele gramado falamos de nossas inseguranças e intenções para o ano. Reconheci meu espaço, com direito a lágrimas, entre essas mulheres destemidas, competentes, empreendedoras. Estamos juntas nisso e nos propusemos a apoiar umas às outras.