Pra resumir como está minha vida ultimamente, eu poderia simplesmente colocar aqui uma daquelas placas que se vê na estrada indicando Obras à Frente.
Por mais que eu poste belas imagens de praia e do estilo de vida na idílica ilha do Sri Lanka, o tempo que tenho para curtir isso é muito muito curto. Trabalho pelo menos 10 horas por dia, com apenas uma folga semanal, e ainda me esforço para estudar e praticar Yoga sempre que posso.
Já não dá mais para me definir como nômade digital. Com visto renovado e permissão para trabalhar aqui por mais um ano, minhas atividades online apenas complementam a atuação presencial.
Mantenho este blog com certa dificuldade, tenho que confessar.
Honro a promessa de compartilhar minhas experiências e é um grande prazer escrever e selecionar as imagens para postar aqui, mas ah… como eu queria ter tempo e dinheiro para explorar mais o país e dedicar minha atenção ao conteúdo do Pratserie…
A crise no Brasil afetou este e outros projetos. Só não aniquilou meu sonho porque eu fui (e ainda estou) me reajustando, reinventando e reorganizando a todo momento.
Cheguei aqui zerada emocional e financeiramente. Contava apenas com a estadia e um pequeno salário – garantidos por um mês. Criei e agarrei oportunidades até ser convidada para gerenciar o flagship Hostel e cuidar dos canais de mídia social do grupo de 3 hostels.
Vivi momentos mágicos nessa etapa da jornada, mas muita coisa bizarra também — tipo passar algumas noites num casarão ainda em construção, só com o guardinha. Detalhe: as baratas e ratos que habitavam o lugar logo vieram nos dar um alô.
Além de providenciar rapidinho uma boa dedetização, dei o meu melhor em cada etapa para construir uma reputação e trazer reconhecimento para a marca.
Aprendi uma porção de coisas novas, usei minhas habilidades de McGiver e vivências como viajante para criar a atmosfera ideal para os hóspedes.
Senti muito orgulho ao ter meu nome citado em várias avaliações do Trip Advisor e ver o hostel subindo no ranking até se tornar o primeiro da categoria em apenas nove meses.
Já a melhoria nas minhas finanças e estilo de vida tem sido mais gradual… Então, meu novo mantra é: trabalhar, economizar, agarrar oportunidades e me reinventar sempre que for preciso.
Agora tenho um cargo bacana, num lindo hotel boutique e vista para o mar por trás do meu laptop. Só que o upgrade também vale para os níveis de stress. A cobrança é intensa. Cabeça, tronco e membros ocupados das 11 da manhã às 9 da noite. Ou mais.
O coração, um tanto apertado, se esforça para entrar num novo ritmo. Desligar tudo isso ao final do expediente. Desconectar o trabalho da vida pessoal. Viver o momento.
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Nunca me senti tão completa sozinha, mesmo com saudades imensas. Nunca li e estudei tanto quanto nos três meses em que estou aqui. Aprendi a fazer muito com meu pouco tempo e dinheiro: meditar enquanto me locomovo de bicicleta, fazer yoga com aplicativo, curtir um mergulho rápido de manhazinha ou um dia inteiro de folga na praia, gastar apenas com um espresso ou uma pizza de vez em quando e me deliciar com esses pequenos luxos!
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Escrevi esse texto após um dia intenso e parei no parágrafo anterior, quando a bateria acabou. Achei melhor recarregar minhas energias também e só reabri o arquivo agora, numa pequena folga entre uma atividade e outra. Pensei, repensei e decidi deixar assim.
Se te frustrei, me perdoe, mas não tenho uma conclusão bombástica ou um fecho bonitinho pra tudo isso.
Sei que a inspiração não vem somente do que fica bem na foto, então espero que meu depoimento sincero te ajude de alguma forma.
Obrigada por me ler com carinho e viajar comigo remotamente!
Beijos, Prats
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