POR FERNANDA PRATS, PUBLICADO ORIGINALMENTE NO BLOG J&M DE JULIANA ALI
Assistir aos desfiles de uma semana de moda no Sri Lanka foi uma experiência totalmente diferente para mim — da estrutura do evento, às coleções apresentadas e estilo dos convidados.
Tudo bem diferente da São Paulo Fashion Week, que acompanho há anos…

Como é a Colombo Fashion Week
A Colombo Fashion Week tem 13 anos, está entre as 3 mais importantes semanas de moda do sudeste asiático e é a mais internacional delas, incorporando marcas de países vizinhos como Índia, Paquistão e Bangladesh.
Já nossa SPFW, que este ano completa 21, é a mais importante de América Latina e quinta maior semana de moda no ranking internacional.
A comparação é desleal, eu sei, mas confesso que precisei de um tempo para esquecer minhas referências entrar no clima…
Só contando todos os detalhes para vocês entenderem!
Acho importante avisar: Este é um relato pessoal, com minhas impressões sobre o que vi na segunda noite de desfiles:

CONVITES | CREDENCIAMENTO
Assim como acontece na SPFW, o acesso é exclusivo para quem tem convite ou credencial de imprensa.
A diferença é que aqui as pessoas respeitam isso e não ficam tentando dar truque para entrar.
Além disso, é possível adquirir ingressos para a noite dos novos criadores, festas pós-desfile e um workshop com Rid Burman – que tem editoriais com várias celebridades de Bollywood no portfolio.

CARACTERÍSTICAS DO EVENTO
- Toda a estrutura da temporada principal da CFW se concentra no salão de baile do Hilton Hotel.
- Os convidados chegam às 19 horas, posam para a imprensa, bebericam e fazem network no hall de entrada. Sem tantos looks “diferentões” ou os exageros fashionistas que vemos nos corredores da SPFW.
- Claro que todos adoram ser vistos, mas os looks são mais elegantes (muitos com toques étnicos e alguns escorregando no periguetismo) .
- Não há lounges de marcas patrocinadoras, apenas alguns displays no saguão,
- Curiosidade: muitos entram com pratos e taças na sala de desfile, que conta com garçons para retirar a louça.

O SHOW VAI COMEÇAR
Filas, vai-e-vem entre salas, longas esperas pra cansar o salto alto? Não. Os mais influentes sentados nas primeiras filas? Sim, mas isso engloba convidados especiais dos patrocinadores, além da mídia e celebridades locais.
Os desfiles acontecem em sequência, com apenas um pequeno intervalo de blecaute.
Uma voz ao microfone anuncia cada marca e também chama os estilistas para receberem os aplausos finais (!).
Ah, a participação especial da Miss Sri Lanka também é anunciada e há um intervalo maior quando metade das marcas termina seus desfiles — em que as pessoas voltam para o lobby para continuar socializando.
A passarela parece mais um palco, onde os modelos se revezam nos cantos, numa movimentação que permite mostrar o look em todos os ângulos.
A concepção, porém, não é a de um espetáculo.
Música e projeções no fundo são os únicos elementos de cena.
Ok, Eu não estava esperando nada épico como roupas de papel sendo rasgadas no final do show ou um modelo nu tomando banho na passarela.
Mas também não esperava que todo o cast (com a mesma beleza) fosse compartilhado entre os estilistas. Ou que houvesse uma certa coreografia para a entrada dos modelos, repetida a cada desfile…
MAS… E A MODA?
Acho chato falar das coleções sem ter conhecimento prévio do trabalho dos estilistas, mas posso contar minha opinião sobre o que vi: muitas estampas e cores vibrantes em cortes mais normais (ou estilo festa), um certo descompasso entre materiais, com um mix de transparências e brilhos de qualidade inferior empobrecendo algumas peças.

Difícil sentir um conceito coeso nos desfiles. Na tentativa de definir sua proposta, uma marca usa a música do Titanic e chapéus tipo barquinho de papel no styling… só que as roupas são batinhas e outras peças de corte básico em tecidos com variações de tye-dye.

Algumas coleções acertam a dose com tempero local, trazendo “atualizações” interessantes do sári — vestimenta tradicional que até hoje é usada aqui.
Sonali Dharmawardena, minha preferida da noite, encontra uma harmonia interessante no crash de estampas e também apresenta silhuetas mais modernas.

“Sonali combina arte e moda, saris e estilo ocidental em fusões de tirar o fôlego“ comenta a fotógrafa inglesa Alice Luker, que vive na ponte Londres-Colombo por conta de seu site Style in Sri Lanka e costuma vestir peças de designers locais.


Outra amiga que sempre cobre a Colombo Fashion Week é a jornalista local Tina Edward Gunawardhana, redatora da Hi!!! Magazine e do jornal Daily Mirror.
Tina conta que o evento é muito aguardado, por reunir celebridades do mundo das artes, esportes, cultura e política do país.
Ela compartilha sua perspectiva sobre a CFW e moda no Sri Lanka, numa entrevista que vou publicar logo mais — já que este post é pautado apenas pela minha experiência numa noite de desfiles.

RESUMINDO
Fui ao evento com muita curiosidade e poucas expectativas. Infelizmente, não rolou aquele encantamento ao ver uma idéia inusitada, o olhar matador de uma modelo ou o frisson do público.
Me senti numa super apresentação de mostruário em show-room.
Mas percebi o quanto esse tipo de organização funciona por aqui e adorei dar esse close na moda local.

Beijos, Prats
*As imagens de desfile não creditadas foram gentilmente cedidas por Tina Edward Gunawardhana (site Life.lk), exceto as fotos de capa, geral da sala desfile e selfie do final, feitas com meu celular (desculpem a falta de qualidade!)
Uau! Que interessante *–*
Nunca tinha ouvido falar nesta semana de moda…
Parabéns pelo post!
Beijos e sucesso ♥
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Pra ser sincera, eu também não. .. incluir o Sri Lanka no meu itinerário foi uma decisão maluca que estou adorando!
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Imagino!
Deve ser demais *-*
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