Mesmo não encontrando recomendações encorajadoras na web, fiz uma análise pessoal dos prós e contras e estou “arriscando” ser nômade digital no Sri Lanka desde o começo deste ano. Com sucesso.
Ao ouvir o aviso de “portas em automático”, religo o celular automaticamente. Hora local: 00h35…35º em Katunayaka, onde fica o principal aeroporto internacional do Sri Lanka. Começo a questionar minha opção antes mesmo de pisar o solo do país.
Lembro que a disponibilidade de ar condicionado é um dos itens considerados nos fóruns de nômades digitais, só que ninguém menciona temperaturas tão altas à noite! Recolho a bagagem e logo encontro a pessoa que vem me buscar.
A sensação térmica é agradável lá fora. A brisa fresca me acalma e sinto até um friozinho no trajeto, de tuktuk, até onde vou me hospedar… minha recepção, sim, continua sendo calorosa!

1. Kit de Sobrevivência
Me sinto renovada depois de dormir numa cama confortável e comprar meu chip local. Carrego um plano de dados básico, para testar se vale a pena seguir com a empresa de telefonia escolhida.
Não há 4G disponível, mas os pacotes são baratíssimos – o menor custo entre todos os países visitados até agora. Conectividade é essencial, mesmo eu não precisando estar disponível online por horas seguidas, nem fazer diversas chamadas por Skype diariamente.
A ideia é contar com o chip e um carregador portátil nos meus deslocamentos e torcer para que essa duplinha continue me salvando nos casos de queda de energia. É verdade, isso acontece por aqui. Nesse tempo todo, contabilizo no máximo 5 dias críticos, com longos períodos “às escuras”.
Como há uma previsão, dá para a gente se preparar e sobreviver dignamente.

2. Onde trabalhar?
Essa é uma questão pessoal. A maioria escolhe entre trabalhar em casa, num café ou em espaço de co-work, junto a outros nômades digitais – muitas vezes revezando estes locais.
Meu mix é um pouco diferente.
Normalmente, prefiro estar cercada de natureza, numa área verde ou em frente à uma praia badalada. Na capital, meu refúgio é um ambiente estiloso e perto de tudo que preciso. Isso porque um de meus clientes de produção de conteúdo é uma rede de hostels com três endereços no país.
Eles têm um conceito bacana e oferecem todo o conforto e segurança de um hotel, a preços bem menores.

Apenas levo meu laptop para uma das áreas comuns e, quando quero socializar, tenho a oportunidade de conhecer viajantes de todas as partes do mundo.
Claro que de vez em quando também vou para um café matar saudades de um bom espresso e do estilo clássico de nomadismo digital – logo, logo, posto um top 5 com meus achados.
Também posso ser encontrada em workspaces menos ortodoxos, trabalhando offline numa van ou tuktuk, se estou em trânsito por outras partes do país.
3. O que é que o Sri Lanka tem?
Tem praias bonitas, tem. Comida apimentada, tem! Faço esta paródia da canção “O que é que a Baiana tem” porque vejo muitas semelhanças entre o país e o Nordeste do Brasil (onde fica a Bahia): o calor, o tempero, o temperamento das pessoas, o fervor religioso, a água de côco…
O turismo está em alta no Sri Lanka, e há atrações para todos os gostos e bolsos. Como o país é uma ilha, dá pra variar a paisagem sem grandes deslocamentos.
Uma experiência interessante para quem viaja trabalhando ou trabalha viajando pelo país. A comunicação em inglês é relativamente fácil e o povo é amigável com estrangeiros. Inclusive, já estou me acostumando com as balançadinhas de cabeça – mesmo ainda sem entender o significado (não sabe do que estou falando. assista ao vídeo no final deste post)

4. Na real…
A comida local é deliciosa, mas apimentada demais para meu paladar.
Também não me adapto bem à dupla arroz&curry em TODAS as refeições. Por sorte, tenho onde cozinhar.. Quando como fora, sempre prefiro as opções vegetarianas ou com frutos do mar.
Aqui é difícil encontrar carne de qualidade – além dos preços serem elevados. Ingredientes como azeite, queijo, chocolate, massas, molhos e enlatados também são caros. O pãozinho francês de cada dia… só encontro nas padarias mais finas de Colombo.
Viajar pelo país tem seus percalços. Distâncias que parecem pequenas em quilômetros, podem ser grandes em tempo de deslocamento (para entender melhor essa equação, leia o final deste post).
É preciso estar atento aos feriados, pois muitos lugares fecham e a venda de bebidas alcoólicas é proibida nas datas sagradas. E, infelizmente, há muito lixo nas encostas de estradas e próximo às praias.
A curiosidade do povo com relação aos estrangeiros é algo que pode incomodar com o tempo. As pessoas estão sempre nos observando e repetem as mesmas perguntas: De onde você é? É casada/tem filhos? O que acha do Sri Lanka? — isso sem falar nas constantes cantadas! Melhor levar na esportiva.
Ah… e por falar nisso, considere sempre um tantinho de atraso nos compromissos. Os anos sob colonização inglesa não tem a menor influência sobre o “Sri Lankan Time”.

5. Vida de Expatriada
Ok, este não é o país ideal quem gosta de passar despercebido na multidão. Por outro lado, há um senso muito forte de união. Isso vale mais do que 4G! Minhas conexões pessoais com locais e estrangeiros me fazem sentir acolhida, protegida, “em casa”.
Se você quer ser nômade digital no Sri Lanka ou pretende passar mais do que um período de férias por aqui, alguns fatores podem facilitar sua adaptação:
- Preparar-se para manter a conectividade em caso de blecaute.
- Hospedar-se em um lugar confortável, de preferência com cozinha e Wi-Fi à disposição. Ar condicionado é essencial.
- Ter paciência, mente aberta e prestar atenção até no calendário lunar (toda lua cheia é feriado, por exemplo)
- Interagir com locais e estrangeiros até “encontrar sua turma”.
- Relaxar & curtir o estilo de vida que, com certeza, é bem mais divertido do que o de muita gente.

Até o próximo post!
Beijos, Prats
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