Que viagem é essa?

Muita gente que me lê aqui tem curiosidade sobre os países inusitados onde morei, como Sri Lanka, Albânia, Indonésia…  Só que as pessoas que vivem nestes países não entendem por quê a gente sente isso! Você já descobriu seu motivo?

Ok, eu tenho rodado por destinos menos convencionais. Acabo de voltar de uma viagem pelos Balcãs, já morei na Malásia, na Eslovênia e numa ilhota do Vietnã, por exemplo, além de ter vivido e trabalhado por um bom tempo no Sri Lanka.

E um fato curioso se repete em todos estes países que não são explorados pela maioria dos turistas brasileiros. Basta revelar qual a minha nacionalidade para ouvir a esta pergunta — em um tom que combina espanto e admiração:

– Mas o que é que você está fazendo aqui?

Depois de quase três anos justificando minhas escolhas de diversas maneiras e para sei lá quantas pessoas, eu acabei ‘comprando’ esse questionamento.

Por que todas essas viagens e vivências no exterior?

Na primeira vez que pensei nisso, fiquei sem resposta. E, confesso, fui um tanto agressiva comigo mesma.

A dúvida me assombrou no meio de uma longa subida pelas muralhas da cidade de Kotor, em Montenegro. Do ponto onde eu me encontrava — ou estaria perdida? — dava para ver um pôr de sol magnífico.

Porém não foi essa vista que me deixou sem fôlego…

Gatinho e vista aérea de Kotor, Montenegro @pratserie
Essa vista… nas muralhas da Fortaleza de São João | Kotor, Montenegro @pratserie

Ao observar a baía de Kotor ficando cada vez menor à medida que eu subia, minha sensação era de andar sobre um muro. Isso porque o caminho mais próximo da encosta estava super escorregadio e eu tinha de seguir pela beirada, tendo apenas algumas fileiras de pedras na lateral como proteção (seria uma espécie de parapeito que, muitas vezes, mal chegava à altura do meu tornozelo).

Eu não queria voltar encarando aquele abismo…

Também faltava coragem para continuar por aquela trilha. Estava ficando escuro e, pra piorar, não havia um ser humaninho ao redor. Nem de um lado, nem de outro.

Então, recrutei o combo força, foco e fé para prosseguir.

Trilha da Fortaleza de São João em Kotor, Montenegro @pratserie
A trilha é mais ou menos assim… no começo | Kotor, Montenegro @pratserie

Ao alcançar o topo da Fortaleza de São João, um animado grupo me saudou com palmas e uma taça  um copo plástico😊 com vinho para aquecer.

Eu mencionei que estava frio? Pois é. Fui lembrar desse detalhe lá no alto da colina, quando cheguei só de regatinha – não sei se por conta do esforço físico ou do medo, ou de ambas alternativas anteriores. No entanto, minha sensação não foi de conquista, superação ou coisa que o valha.

Apenas relaxei, como se estivesse em casa.

Os mesmos desafios me aguardavam no caminho de volta, mas minhas expectativas haviam mudado profundamente. Me senti confortável ali, do mesmo jeito que sinto aqui, agora, sentada num sofazinho em frente ao laptop.

Dizem que na descida o santo ajuda, porém eu preferi me manter bem atenta a cada passo dali pra frente. De Montenegro, fui para a Bósnia de carona e segui para a Sérvia, onde o tal diálogo recorrente surgiu numa corrida de táxi:

– Uau, você é do Brasil! Mas o que está fazendo aqui?

E foi assim que a pergunta ecoou na minha cabeça: — O que é que estou fazendo aqui?

Por alguns segundos, parece que pude sair do meu corpo e conferir a minha expressão de dúvida e cansaço.

Era tarde, eu tinha passado metade do dia num ônibus e já não estava mais acostumada a viajar num ritmo tão intenso, praticamente intercalando longos trechos na estrada com dias inteiros de caminhada pelas cidades.

Mas logo uma resposta surgiu — involuntariamente — calando todas essas conjecturas:

– Porque viajando eu me sinto em casa.

Esta foi minha explicação física, emocional e racional para o motorista. E ele se deu por satisfeito. Seguimos em silêncio e, emfim, tive a confirmação:

Eu sempre soube qual o motivo.

eu na Fortaleza de São João (Kotor, Montenegro) @pratserie
momento “sabe de nada, inocente” no inicio da trilha | Kotor, Montenegro @pratserie

Qual a sua viagem ?

O quê motiva você a pegar uma estrada, um barco ou um vôo? O que move a sua curiosidade por outras culturas ou a ânsia de vivenciar um estilo de vida diferente?

Conte aqui nos comentários ou em minhas redes sociais. Vou adorar saber!

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Beijos, Prats

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