Por quê não há qualquer problema em trabalhar menos? A workaholic aqui explica.

Sim, estou admitindo ser workaholic – viciada em trabalho –  porque sempre há chance de recaída. Mas meu ritmo diminuiu à beça nos últimos meses e já não sinto nenhuma culpa por isso!

Agora pense se você gostaria de ter um emprego onde pudesse tomar uma taça de vinho no almoço ou dançar com o chefe e alguns clientes no meio da manhã… Ah, e com um expediente de, no máximo, quatro horas por dia.

Parece impossível, né? No entanto, esta tem sido minha realidade. A ‘pegadinha’ é que trabalhando menos, também estou ganhando menos. Muuuuito menos!

Hoje não vejo qualquer problema nisso, mas nem sempre foi assim.

Até pouco tempo atrás, eu nem tinha noção de que era uma workaholic. Nem tinha tempo para pensar!

Nas minhas experiências como funcionária, empresária ou freelancer, sempre achei difícil reduzir a carga de trabalho – tanto pela preocupação em oferecer um bom atendimento quanto por medo de enfrentar uma queda na demanda.

Ficar 24h de folga era uma ilusão. Todos os dias haviam muitos contatos e orçamentos a fazer, produtos para organizar, eventos para comparecer… Então eu focava em juntar grana para viajar e, aí sim, devolver aquele tempo para mim mesma que eu vivia subtraindo da agenda.

Antes de sair do Brasil, eu ganhava a vida como Stylist, gostava do que fazia e tinha bons clientes – mesmo que manter esses clientes satisfeitos não fosse exatamente um passeio no parque.

Às vezes era contratada por cachês bem altos para produzir algo aparentemente simples. Só que esses jobs também incluíam ‘pegadinhas’, como alterações e pedidos malucos de última hora, além de exigirem que eu ficasse à disposição durante dias, noites, madrugadas, finais de semana e feriados.

Depois das muitas horas de trabalho, eu ainda precisava de muitas horas para me refazer dessa verdadeira gincana!

Enfim, as obrigações vinham antes do prazer e eu só me sentia livre nas férias.

Você já assistiu esse filme? O drama teve sequência.

Deixei país e carreira para trás com o sonho de viajar pelo mundo e trocar o ‘viver para trabalhar’ por um digno ‘trabalhar para viver’. Estava participando do Remote Year, com um projeto bacana em andamento, até que fui atingida por esta super crise que o Brasil ainda está sofrendo.

Imagine só a minha aflição com a repentina alta do dólar – que quase triplicou seu custo – tendo que pagar meus boletos nessa moeda estrangeira e recebendo meus cachês em Reais!

Logo eu comecei a trabalhar tanto ou mais do que antes. Essa, afinal, era uma justificativa bem razoável para meu ‘workaholismo’.

Dentre os meus muitos jobs como freelancer e empregos exóticos em países idem, apenas uma campanha teve pagamento compatível com que eu ganhava em São Paulo.

Meu salário mensal como Gerente de Marketing e RP no Sri Lanka, por exemplo, era equivalente ao valor de uma diária como Stylist. Por isso, eu ficava tão ansiosa com relação à minha ‘sustentabilidade’ na estrada e acabava repetindo velhos hábitos.

Os cenários se diversificavam – assim como os produtos com que eu lidava e os eventos que eu tinha de frequentar – mas eu continuava dando tudo de mim em cada tarefa e fazendo networking até nas horas ‘vagas’.

Como mudei essa perspectiva? Devagar.

Primeiro eu me apavorei. A sensação de escassez tomou conta.

Fiquei sem pique de sair com a turma, por não ter grana para os eventuais gastos., e senti culpa retroativa por todos as compras desnecessárias que já tinha feito na vida, pelas vezes em que não comparei preços, pelo tanto que eu frequentei a seção gourmet de um empório chique em São Paulo…

Isso bateu forte porque eu não me achava assim tão apegada a supérfluos.

Minha mente ainda encontrava justificativas: eu trabalhava tanto que me sentia merecedora, tinha a vida tão consumida pelo trabalho que acabava consumindo à mesma altura, era tão controlada pelo mercado que me permitia um descontrole no supermercado!

Aos poucos, passei a enxergar toda abundância ao meu alcance e aprendi, inclusive, a aceitar ajuda.

Troquei minhas atitudes de compensação por novos hábitos, focada no meu desejo de curtir esta viagem – vou compartilhar algumas dicas nos próximos posts, pode deixar. E foi assim que minha mentalidade sobre trabalho começou a mudar.

Escolhas & Consequências

Já reparou que a palavra ‘trabalho’ aparece um zilhão de vezes neste texto?

Como disse lá no começo, estou ciente de minha compulsão. Só que agora busco o equilibro e economizo meus esforços para compensar.

A falta de estabilidade financeira, de certa forma, é o que me motiva a cada dia. É ela que me faz apreciar a paisagem, o momento, a chuva, o sol, o vento… e também dizer não ou ser meio ‘bitchy’, se necessário.

Sei que posso dar meu jeito nas circunstâncias!

Hoje eu desperto feliz, antes do alarme tocar, e saio da cama cheia de energia para encarar minha pequena rotina de trabalho.

Claro que ainda me empenho em todas atribuições e desejo ser melhor remunerada – por isso continuo buscando oportunidades de freelas online – só que sem desespero.

Se tempo é dinheiro, recebo o meu um bônus de liberdade.

Afinal, qual o sentido de deixar a vida em stand-by por uma porção de horas até ficar cansada demais para soltar o pause?

Espero que meu depoimento te ajude a acreditar que as coisas sempre dão certo, mesmo quando não saem como planejado.

Todos temos direito à abundância, por isso não vejo qualquer problema em me desconectar numa folga ou apenas trabalhar em meu bronzeado 😊.

Meu novo vício é assistir ao pôr de sol.

Selfie na praia - Albania. Beijos, Prats

One Reply to “Por quê não há qualquer problema em trabalhar menos? A workaholic aqui explica.”

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